boto-preto
Tucuxi | |||||||||||||||
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Comparação entre o tamanho de um tucuxi e o tamanho de um ser humano
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Dados deficientes (IUCN 3.1) | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Sotalia fluviatilis Gervais e Deville, 1853 | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Mapa de distribuição do género Sotalia, distribuição do tucuxi a listrado |
O tucuxi (Sotalia fluviatilis), também conhecido como boto-preto e pirajaguara, é uma espécie de golfinho de água doce existente na bacia do Amazonas.[1][2] Apesar de ser encontrado em regiões habitadas pelos "verdadeiros" golfinhos de rio, como os botos-cor-de-rosa, o tucuxi é geneticamente mais próximo dos golfinhos marinhos (Delphinidae).
Fisicamente, a espécie se parece com Tursiops, mas é diferente o bastante para ser situada em outro gênero, Sotalia. Sotalia guianensis, que abrange golfinhos de ambientes litorâneos e de estuários, anteriormente fazia parte de Sotalia fluviatilis, mas recentemente passou a formar uma espécie própria.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
"Tucuxi" procede das línguas caribes.[3] "Pirajaguara" procede dos termos tupis pirá, "peixe", e ya'wara, "cão".[4]
Descrição[editar | editar código-fonte]
A espécie é semelhante aos golfinhos-nariz-de-garrafa, mas costuma ser menor (1,5 metro). A coloração varia de cinza-claro a cinza-azulado no dorso e nas laterais. O ventre é bem mais claro, com um tom rosado. Especula-se que essa coloração reflita um maior fluxo sanguíneo na região.[5] O dorso é levemente curvado. O bico é bem definido e de tamanho moderado. Existem de 26 a 36 pares de dentes nas mandíbulas superiores e inferiores.[6]
Taxonomia[editar | editar código-fonte]
Sotalia fluviatilis foi descrito por Paul Gervais e Émile Deville em 1853. Sotalia guianensis foi descrito por Pierre-Joseph van Beneden em 1864. As duas espécies, posteriormente, se tornaram sinônimas, e passaram a constituir subespécies de água doce e de água salgada.[7] O primeiro estudo a reevidenciar diferenças entre as duas espécies foi um estudo morfométrico tridimensional de Monteiro-Filho e colegas.[8] Em seguida, uma análise molecular de Cunha e colegas[9] inequivocamente demonstrou que Sotalia guianensis era geneticamente diferente de Sotalia fluviatilis. A descoberta foi confirmada por Caballero e colegas.[10] com um maior número de genes. A existência das duas espécies foi, então, largamente reconhecida pela comunidade científica.
Distribuição[editar | editar código-fonte]
O tucuxi habita grande parte do rio Amazonas e muitos de seus afluentes. É encontrado na Venezuela, Brasil, Peru e sudeste da Colômbia. Vive somente em água doce.[11]
Alimentação[editar | editar código-fonte]
Os tucuxis caçam em grupos compactos, perseguindo os peixes logo abaixo da superfície da água. Conhecem-se trinta espécies de peixes que costumam ser presas do tucuxiː elas vivem em lagoas, canais e rios de água rápida.[12]
Comportamento[editar | editar código-fonte]
Os tucuxis formam grupos pequenos de dez a quinze indivíduos, que nadam em formação compacta, o que sugere uma desenvolvida estrutura social. São muito ativos e podem saltar com o corpo todo para fora da água. Não costumam se aproximar de embarcações.
Já foram vistos tucuxis se alimentando junto com outras espécies de golfinhos de rio. Estudos com camadas de crescimento sugerem que podem viver até os 35 anos. O indivíduo mais velho já observado tinha 36 anos de idade.[13]
Conservação[editar | editar código-fonte]
O tucuxi é endêmico nas regiões descritas acima. Não existem estimativas precisas de sua população, embora seja considerada uma espécie de ocorrência comum. Um problema significativo para sua conservação são as redes de pesca. Também já foi registrada caça deliberada para alimentação humana na bacia Amazônica. A poluição é um problema, especialmente a intoxicação por mercúrio causada pela atividade mineradora de ouro. A União Internacional para a Conservação da Natureza também cita a fragmentação de habitat causada pela construção de represas como uma ameaça, embora seja necessário um estudo mais detalhado sobre o tema.[14]
Foi observado que os tucuxis não se mantêm saudáveis em cativeiro. Alguns foram mantidos em aquários europeus, porém o último deles, Paco, morreu em 2009 no Zoológico de Munster.
O tucuxi está listado no Apêndice II da Convenção de Bona como possuindo uma situação pouco favorável de conservação, ou necessitando de cooperação internacional através de acordos personalizados.
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