quinta-feira, 8 de junho de 2017

apistogrammas

Os peixes do género Apistogramma, vulgarmente conhecidos como ciclídeos anões, pertencem à grande família dos ciclideos, Cichlidae, na ordem dos Perciformes.
Reza a história que os primeiros apistos foram descritos por volta de 1860/61. O nome, dado por Regan, foi proposto inicialmente em Março de 1906, mas apenas em 1913 começou a ser usado como referência. Apistogramma significa “linha lateral irregular” e deve-se à linha horizontal que estes peixes têm ao longo do corpo, desde a cauda até aos olhos.
São peixes que vivem na América do Sul e podem atingir no máximo de 10 centímetros. Uma das espécies que mantive, Apistogramma nijsseni, não ultrapassa os 3 centímetros.
Num aquário, os apistogrammas poderão ser mantidos em comunitários, biótopos ou em naturais aquários de selecção / reprodução, desde que tenha em especial atenção a qualidade da água, que deve ser bastante mole. Quanto ao pH, poderá variar de espécie para espécie. Como vivem numa área muito ampla, algumas espécies vivem em águas bastantes escuras e com pH de 4,0, onde a temperatura pode atingir mínimos de 22ºC.
Visto que os apistogrammas são peixes de fundo / área, deve-se no mínimo oferecer como habitat um aquário de 80 x 40 centímetros de área, possibilitando assim vários territórios. Dependendo da espécies que mantemos, podem-se usar vasos, xistos, troncos, cascas de coco, entre outros, para tornar a água escura tal como acontece na natureza.
Os apistos são peixes bastante territoriais; lutam por território, acasalamento, protecção dos alevins ou até mesmo por comida.
Apistogramma agassizii
APISTOGRAMMA AGASSIZII
FOTOGRAFIA: HARUM.KOH
A reprodução é relativamente fácil, porém, existem certas exigências para cada espécie.
A maior parte dos aquariofilistas que mantém apistogrammas para fins reprodutivos, mantém um casal num aquário típico de 60 x 30 x 30 centímetros, podendo adicionar Corydoras e tetras:
  • As Corydoras vão limpando os restos de comida;
  • Os tetras ajudam a dissipar a agressividade tanto do macho como da fêmea.
O meu conselho é que, com a proximidade da desova da fêmea Apistogramma, sejam retiradas as Corydoras do aquário, pois existe o risco dos ovos serem devorados.
Após o nascimento, os alevins serão um petisco para os tetras, sejam eles de que espécie forem, logo, mal os alevins comessem a nadar, aconselho também a retirar os tetras do aquário.
Se optar por deixar no aquário ambas as espécies para além dos apistogrammas, deverão sempre ter atenção ás investidas, pois para proteção da nova prole, podem tornar-se bastante agressivos. Por experiência própria, num aquário 80 x 40 x 40 centímetros, onde tinha um casal selvagem de Apistogramma bitaeniata, vi na altura da desova “virarem” cinco Corydoras schwartzi.
Apistogramma bitaeniata
APISTOGRAMMA BITAENIATA
FOTOGRAFIA: BRITZKE
Para preparar um bom habitat, esconderijos e muita flora, musgo de java junto ás possíveis tocas são refúgios excelentes para a pequenada.
Mas voltando à reprodução propriamente dita: os progenitores devem ser bem alimentados. Existe uma grande diversidade de alimentos de boa qualidade nas lojas da especialidade, porém, o alimento vivo revela-se sempre como a melhor opção.
Um dos comportamentos pioneiros do acasalamento, é o macho andar em constante perseguição à fêmea, que irá fugir até finalmente o aceitar. Uma vez aceite, o macho começa a executar danças mais vigorosas, abrindo as barbatanas e realçando as suas cores. A fêmea vai adquirindo um tom amarelado, ou vermelho alaranjado dependendo da espécie, isto após se aceitarem mutuamente.
A fêmea começa então a ser mais agressiva para o macho, ao que ele mostra submissão. Aí, os dois escolhem um local limpo para a desova. Dependendo da toca, a fêmea ficará temporariamente escondida, entre 36 e 48 horas, saindo apenas para comer.
Após o nascimento dos pequenos, estes ficarão na toca durante 3 a 7 dias, onde ainda se vão alimentando do saco vitelino sempre sob o olhar atento da mãe, que os vai mudando de sitio caso entenda ser mais seguro.
Aconselho nesta fase a colocar comida que fique no fundo, em quantidades superiores ao normal, para que o casal se sinta mais seguro sabendo que existe comida suficiente para a prole vingar.
Alevins de Apistogramma cacatuoides
ALEVINS DE APISTOGRAMMA CACATUOIDES
VIA STE12000
Ao fim dessa semana, os pequenos já poderão ser alimentados com alimento vivo e irão começar a nadar livremente, sempre junto à mãe, que para eles conhecerem o habitat leva-os em pequenas expedições pelo aquário.
O cuidado com os choques térmicos e de pH nesta altura deve ser redobrado. No filtro, caso não seja de esponja, deve colocar lã de vidro para aquariofilia ou esponja à entrada da água para o filtro interno, externo ou de cascata.
A partir dos primeiros 25 dias, mais ou menos, deve vigiar o comportamento dos progenitores, pois podem ficar agressivos para os alevins caso se preparem para uma nova postura. Se isso acontecer, poderá então transportar os filhotes para um aquário idêntico ao que nasceram, transportando também a água do mesmo que dê pelo menos para encher 70% do novo aquário. Os restantes 30% vá enchendo diariamente até atingir a litragem total. Neste caso, um aquário 40 x 30 x 25 centímetros é o suficiente, apenas com um filtro de esponja.
De uma maneira geral, podemos passar à prática oferecendo com baixo sacrifício monetário, um aquário biótopo para apistogrammas de qualidade. Além de conter espécies magnificas como os Apistogramma bitaeniataA. hongsloiA. macmasteri, entre outras, o seu comportamento desde a luta pela comida até à reprodução e proteção dos alevins, passando por lutas territoriais, rituais nupciais, etc, podemos observar movimentos e aventuras novas dentro do aquário todos os dias, o que no meu entender é uma aventura interessantíssima.
Manter um aquário para apistogrammas, seja de manutenção ou reprodução, é sem sombra de duvidas um dos grandes momentos que a aquariofilia nos proporciona

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