Para facilitar o “abraço nupcial” da etapa 9 (detalhes mais abaixo) devem ser selecionados para a tentativa de reprodução exemplares em que o macho seja maior que a fêmea.Os peixes bettas, se forem saudáveis e estiverem convenientemente preparados, irão originar uma descendência entre 300 a 500 alevins. À medida que os alevins se vão desenvolvendo, podem ocorrer lutas entre eles e ser necessário separá-los. Deste modo, é necessário ter disponível diversos aquários antes de dar início ás tentativas de reprodução.
Após a escolha do casal de bettas, deve-se realizar uma série de passos simples, mas essenciais para obter bons resultados, que irei descrever de seguida.
A reprodução passo a passo
Etapa 1
A alimentação dos progenitores é extremamente importante, pois irá determinar o número de ovos e de esperma produzidos. Desta forma, durante este período, deve-lhes ser proporcionada uma alimentação variada, como larvas de mosquitos, de artémia, granulado / flocos próprios para bettas, entre outros.
Etapa 2
O aquário do macho deve ser colocado junto ao da fêmea, de modo a que se possam observar mutuamente.
Etapa 3
Deve ser montado um aquário sem filtro nem areão, apenas com uma pedra difusora, para servir como aquário de reprodução.
Neste, a água não poderá exceder os dez centímetros de altura, uma vez que iremos reduzir a pressão exercida por esta nos futuros ovos. A temperatura deve estar nos 27ºC, sem oscilações.
Este aquário deve ainda possuir plantas aquáticas verdadeiras, que irão proporcionar proteção à fêmea, suporte ao ninho de bolhas que o macho irá construir e facilitarão a alimentação dos alevins, uma vez que nelas se irão desenvolver, com maior facilidade, pequenos animais.
Desta forma, existem algumas plantas mais indicadas para este efeito e que são extremamente fáceis de se manter, não sendo necessário cuidados com a água, luz e adubos. Exemplos destas plantas são:
- Musgo de Java (Vesicularia dubyana)
- Samambaia de Java (Microsorum pteropus)
- Valisneria Sudamericana (Vallisneria gigantea)
Etapa 4
Após as duas primeiras semanas, o macho pode ser colocado no aquário de reprodução.
Depois de um ou dois dias da sua introdução, coloca-se a fêmea num recipiente transparente (como por exemplo um tubo transparente) e de fácil remoção, que a irá proteger das investidas do macho.
Dar-se-á início do cortejo, no qual o macho abre as suas barbatanas e os opérculos.
Etapa 5
O macho, se interessado na fêmea, irá dar inicio à construção do ninho de bolhas, o qual deverá estar concluído ou no final do primeiro ou segundo dia após a inserção dos dois exemplares no aquário de reprodução.
Se tal não acontecer, pode ser um indicador de que o macho não esta pronto para a reprodução, ou que não está interessado na fêmea em causa. Não deve prosseguir com a tentativa de reproduzir este casal.
Etapa 6
Após a conclusão da construção do ninho de bolhas, a nossa atenção desvia-se para a fêmea.
Esta deverá apresentar uma coloração com riscas verticais quando observar o macho e uma forma particularmente arredondada, indicando desta forma que está pronta para o acasalamento. Contudo, em animais com colorações mais claras essas riscas não são visíveis, tendo-se apenas em atenção o segundo aspeto.
Etapa 7
Juntamos os dois exemplares com cuidado, para não destruir o ninho de bolhas, e iremos observar que o macho irá nadar atrás da fêmea e atacá-la.
Este é um comportamento normal nos bettas, pelo que não deve intervir, a não ser que observe que a fêmea possa estar a correr perigo de vida.
Após 12 a 24 horas de estarem juntos, o macho irá conduzir a fêmea ao ninho de bolhas.
Etapa 8
A fêmea irá inspecionar o ninho e, quando chegar a altura, por debaixo deste, ambos iram começar a nadar em círculos.
Etapa 9
Até que ocorram os abraços, o macho dobra-se sobre a fêmea, comprimindo-a, de modo a facilitar a saída dos ovos, ao mesmo tempo que os vai fecundando.
Etapa 10
Após cada abraço, a fêmea fica imóvel e flutua.
Nesse período de tempo em que não se mexe, o macho aproveita para apanhar do fundo do aquário os ovos com a boca e colocá-los no ninho, pois à primeira oportunidade, a fêmea come-os — apesar de se já terem sido observadas fêmeas a ajudarem o seu companheiro na recolha dos ovos.
Etapa 11
Quando os abraços terminam, deve-se retirar com cuidado a fêmea, que tem que ser submetida, mais uma vez, a um regime variado de alimentos, de forma a que recupere rapidamente das lesões sofridas e do esforço.
Tenha especial cuidado para não destruir o ninho de bolhas, que vai ser guardado pelo macho e será este que tomará conta dos alevins quando nascerem.
Deve ter em atenção que os caracóis de água doce, que possam existir no aquário, muitas vezes comem os ovos que se encontram no ninho de bolhas. Quando o macho se apercebe deles tira-os com a boca. Mas quando os moluscos, já para evitarem a ação do progenitor, se dirigem aos ovos pela parte exterior das bolhas, tornam impossível a ação deste.
Etapa 12
Os alevins irão eclodir passados dois ou três dias. São pequeninos (cerca de dois milímetros) e sempre sob a vigilância do macho, que irá recolocá-los no ninho sempre que se afastem ou vão ao fundo.
Etapa 13
Quando os alevins nadarem horizontalmente (no quinto dia de vida) é a altura de retirar o macho, pois este poderá comê-los.
Os alevins
Nos primeiros quatro dias, os pequenos bettas apenas se irão alimentar do seu saco vitelino, pelo que não deve colocar alimento na água, que só iria fazer com que esta se poluísse.
Após retirado o macho, deve começar a alimentar os alevins quatro a cinco vezes ao dia.
Apesar destas doses deverem ser pequenas, tenha atenção que os alevins são muito pequenos e têm que comer um alimento rico em lípidos e de pequenas dimensões, de forma a que seja facilitada a sua ingestão e que lhes permita desenvolver.
Existem vários alimentos adequados para este efeito, como infusórios que aparecem nas plantas, alimento líquido (JBL Nobil Fluid), larvas de Artemia salina (náuplios) e / ou alimentos granulados de pequenas dimensões produzidos para alimentar crias de betta.
É nos primeiros quinze dias que se encontra a fase crítica do desenvolvimento das crias dos bettas, pois é nesta altura que se formam os labirintos nos alevins. O aquário deverá estar tapado, de modo a reduzir a diferença de temperatura do ar e da água. Caso exista diferença, toda ou praticamente toda a ninhada pode morrer.
Após o primeiro mês começa-se a proceder ao acréscimo de água (cerca de um centímetro por dia), minimizando os efeitos das hormonas produzidas por cada alevin, uma vez que eles ao produzirem-nas vão fazer com que os restantes bettas que se encontram no aquário tenham mais dificuldades a desenvolverem-se.
A partir do mês e meio, pode-se começar a mudança de água parcial.
Em cima: algumas fêmeas de peixe betta.
Em cima: o grupo de fêmeas.
Em cima: os dois primeiros bettas são os machos de criação.
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