Os discus (conhecidos como acará-discos ou peixes-discos) são naturais da Amazónia, apresentando-se sob a forma de duas espécies: Symphysodon discus e Symphysodon aequifasciata, com diversas sub-espécies.
São considerados um dos símbolos da aquariofilia de água doce e dito por muitos, o mais bonito e elegante dos peixes.
No seu habitat natural, vivem em águas pouco agitadas, relativamente cristalinas. Num aquário, é considerado frágil. Embora possa viver até mais de 10 anos, não é aconselhado para aquariofilistas inexperientes.
Essa ideia que se tem de um discu, à primeira vista, frágil, deve-se ao facto de ser um peixe exigente em relação à qualidade de água, principalmente ao nível de amónia.
Além disso, é um pouco tímido na hora de se alimentar, pelo que se tiver peixes mais rápidos no aquário, o discu pode ficar sem comer. Quando já acostumados, alimentam-se muito bem, aceitando qualquer tipo de alimento, com preferência a alimentos vivos. Isso varia um pouco com relação à precedência do peixe, pois os nascidos em cativeiro estão mais acostumados a flocos e outros alimentos mais comuns.
O discu gosta de viver em cardume com membros da mesma espécie, podendo manifestar agressividade quer por território (na hora da reprodução, em que a agressividade se pode verificar entre macho e fêmea), quer mesmo na hora da alimentação.
Caso queira colocar peixes de outras espécies no aquário, dê preferência a corydoras e bótias (apesar de não ser da Amazónia, dão-se muito bem com discus). Evite peixes rápidos e bandeiras (estudos dizem que estes podem transmitir hexamitas, parasitas que não os afectam, mas são graves problemas para os discus).
Quanto ao aquário, deve ter um pH ligeiramente ácido (aproximadamente 6.0 a 6.5), algumas plantas (de preferência compridas, como valisnérias), iluminação fraca, água mole e zero de amónia (muito importante).
Além disso, tenha atenção pois o discu cresce até aos 22 centímetros de diâmetro, pelo que em adulto precisará de 50 litros por peixe.
A reprodução
A melhor maneira de conseguir um casal de discus, ao contrário do que se pensa e sem fazer restrições individuais, é claramente adquirir um mínimo de 6 peixes adultos ou pré-adultos e coloca-los num aquário apenas com água e equipamento, sempre tendo em conta a litragem teórica por peixe (50 litros).
A ausência de decoração evita lutas territoriais, ficando mais espaço útil e a formação de casais ocorre relativamente mais depressa.
Assim que começarmos a ver dois deles a tentar a separação do cardume, à partida temos um casal. Observando com atenção, conseguimo-nos aperceber dos sinais de acasalamento, como por exemplo as “cabeçadas” carinhosas no ventre da suposta fêmea.
Tenha em atenção que, sem desova e alevins, todas as afirmações sobre o dimorfismo sexual dos discus não passam de mera conjectura.
Passemos então ao passo seguinte. Colocamos o casal, ou por enquanto suposto casal, num aquário com um mínimo de 80 litros, apenas com equipamento: termóstato, filtro (de preferência de esponja pois conseguem fazer uma filtragem fiável e com ajuda de uma pedra difusora garantem uma boa oxigenação) e também um cone de desova, bastante conhecido nas lojas da especialidade.
Os níveis químicos como a amónia, nitritos e nitratos, mesmo a zero, são considerados altos. Os nitratos nunca estarão a zero, a não ser com renovação contínua de água de osmose ou se o aquário não estiver ciclado. Valores bastante razoáveis a nível de nitratos andarão pelos 10mg/l. A nossa água da torneira, vulgarmente, tem níveis de nitratos superiores a 5mg/l.
Convém estabilizar o ph na casa dos 6.0. Há quem opte por tentar inserir água de osmose, desde que numa quantidade inferior a cerca de 30% do volume do aquário, pois pode provocar a “doença dos buracos na cabeça”, bastante temida nos discus por falta de minerais na água.
As trocas parciais de água são muito importantes, quantas mais melhor.
Pouco antes de ocorrer a desova, o casal de discus irá limpar a área da mesma com a boca. Quando essa limpeza se verifica, num máximo de 48 horas irá ocorrer a desova.
Um dos momentos mais belos no mundo da aquariofilia – e falo por experiência própria – é certamente a desova de um casal de discus. Enquanto a fêmea roça o ovopositor libertando pequenos pontos rosados, o macho roça o espermoduto por cima dos mesmo, fertelizando-os.
Passadas cerca de três horas do fim da desova, podemos observar até cerca de 200 ovos e, como forma de prevenção a fungos e bactérias, podemos administrar azul de metileno.
Os progenitores, durante as próximas 48 horas, estarão constantemente a arejar a futura prole, até que chega a hora da eclosão, em que podemos ver pequenos “rabos” a agitarem-se de maneira energética.
Depois de nascerem e durante os primeiros dois dias de vida, os alevins ficam colados ao local de desova, alimentando-se do saco vitelino. Quando se começarem a soltar, os pais irão buscá-los e esperar que se colem a eles, alimentando-se do muco produzido pela pele dos mesmos.
A partir do quinto dia de vida e até ao vigésimo, podemos começar a alimenta-los com artémia recém eclodida (mesmo que não comam ao quinto dia, sempre ficam estimulados e os pais ficarão mais confortáveis, sabendo que existe comida disponível no ambiente para os alevins).
Findo este período, podemos começar a alternar a alimentação, fornecendo flocos, granulado e qualquer outro tipo de alimento indicado para alevins. As quantidades de alimento devem ser significativas tendo em conta o tamanho do cardume, procurando igualmente não lhes dar comida em em excesso.
A taxa de eclosão e sobrevivência da nova geração, depende não apenas dos pais mas também de todos os nossos passos, pois como diz um grande amigo meu, Ricardo Fonseca:
Nós… só lhes fazemos a cama.
Evidentemente a água é o factor principal para o sucesso na criação de discus. Não só o ph e kh devem ser verificados, mas principalmente níveis nitrogenados como amónia, nitratos e nitritos, estes muito tóxicos.
Qualquer principio desses elementos na água é motivo para trocas parciais de água e verificação do motivo da aparição, pois podemos perder os discus ou causar sérios danos aos peixes.
Dick Au cita no seu livro que chega a trocar a água dos aquários de reprodução 100% por dia. Parecendo um exagero, é o ideal, principalmente para quem reproduz.
Para um aquariofilista é diferente, pois não existe a possibilidade de efectuar essas trocas de água em grande quantidade. Portanto o ideal é trocar pelo menos 10% de água por dia. A pequena quantidade faz com que não exista algum tipo de choque para o peixe e permite que se renove sempre de maneira útil e amena.
Nada impede que se façam trocas semanais ou quinzenais, desde que sejam trocas de água de ph e temperatura iguais aos que se estabilizaram no aquário. Oligo-elementos, nutrientes e outros, entram todos os dias no aquário.
Outro item a ser verificado é a temperatura, deve-se usar o melhor termóstato, de maneira a não haver grandes mudanças de temperatura, pois os discus não gostam muito de alterações súbitas, acabando mesmo por se sentirem mal.
As plantas, na realidade, promovem diferença químicas na água em diversos momentos. Se o aquariofilista optar por não colocar plantas, para obter uma criação mais tranquila, estará a tomar uma boa decisão. Mesmo que as plantas sejam atractivas, podem causar problemas no controlo químico e biológico. A fotossíntese é um motivo óbvio, uma vez que o ph oscilará bastante.
Sabe-se que os discus devem respirar, teoricamente, 50 vezes por minuto, algo diferente disso é sinal de alerta. Se os discus estão na hora da alimentação, ai podem ter a respiração mais ofegante, tal como na época de desova, lutas territoriais, ou até stress.
Discus que estão há muito tempo no aquário e de repente se assustam de alguma maneira, tal a chegar a bater contra os vidros, pode ser um sinal de problemas na água, com altos níveis de compostos nitrogenados.
A grande maioria dos aquariofilistas usam filtros de osmose inversa na água de reposição e de troca, para se garantir que a nova água esteja livre de qualquer agente tóxico, inclusive fostafatos e silicatos. No entanto, o uso de um filtro deste tipo não garante totalmente a qualidade de água pretendida para discus, pois o sistema de filtragem deve ser eficiente para que nenhum composto nitrogenado possa aparecer.
O filtro biológico e químico é obrigatório. No caso do biológico, muitos dão preferência a filtros de esponja, fluidizados, muitos outros preferem canisters que realizam as três funções de uma maneira compacta e simples.
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